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A minha Bela Adormecida

A minha Bela Adormecida

A evolução da Medicina

Para mim aquele dia de Natal foi "o" dia... só mesmo a evolução da medicina nos permitiu conhecer e viver com a Sofia aqueles 24 dias.

 

Nunca me irei esquecer daquele silêncio no seu nascimento, seguido da contagem da reanimação... no recobro, o semblante de gravidade dos elementos da equipa...

 

Eles são ensinados para fazer nascer vidas, não para "perder" vidas, pelo que sei que estas situações de emergência também lhes afetam, ainda mais nestes dias especiais do ano em que todos acreditamos no Amor e na Paz no Mundo... por mais que a medicina evolua, existe e existirão sempre aqueles momentos inesperados que a Vida nos traz.

 

Efetivamente nós não somos Deus e a vida percorre o seu curso, pelo que após 24 dias ela deixou-nos...

O luto

Mais um blog que fala do luto por um filho...LUTO...faz 1 mês que ela nos deixou... partiu após mais de 24 horas muito intensas, com muitos miminhos, muitas canções, muitas orações, muitas conversas, muitos beijinhos, enfim, muito amor depois de tantos dias naquela caminha dos Cuidados Intensivos... finalmente pudemos dar-lhe consolo nas últimas horas de vida...

 

Ainda me custa a crer que ela já não vem para casa...

 

Segundo li, o luto compreende 4 fases:

  1. Negação - fase que serve como uma defesa da pessoa, aliviando-se o impacto da notícia; 
  2. Revolta - fase em que a pessoa se revolta com a Vida;
  3. Negociação - fase em que se tenta que vida volte a ficar bem;
  4. Depressão - fase de sofrimento profundo por via da conscialização que a perda é inevitável;
  5. Aceitação - fase em que a pessoa aceita a sua realidade.

 

No meu caso, o luto penso que se iniciou no dia do nascimento da Sofia. A negação, de que mais uma vez a Vida me tinha trazido um parto sem possibilidade de estar com a minha bébé nos seus primeiros momentos de vida, sem aquele momento cor de rosa que todas as mães falam... Com a Maria em 2012 tudo se resolveu na primeira semana, após uma intervenção cirurgica a uma anomalia detetada ainda na gravidez, com a Sofia foi diferente... tudo estava ótimo até àquele micro-segundo em que o útero se rompeu... ela nasceu e não ouvi ela a chorar... o meu primeiro pensamente foi que ela não tinha resistido. Após a reanimação foi enviada para o tratamento de hipotermia que iria decorrer nos 3 dias seguintes. Ora, eu acreditei piamente no final feliz, mesmo depois da ressonância realizada após o tratamento ter decretado que era um caso grave. Foi esta negação dos factos que me deu força para viver os quase 24 dias da sua vida.

 

Misturada com a negação, veio a revolta... o porquê... porquê da rutura uterina? porquê do sofrimento da minha bébé? porquê não ter tido um parto "normal"? porquê a Maria ter a possibilidade de ficar sem a sua mana, que era o que ela mais queria no mundo? porquê deste nosso projeto de família a quatro poder não se concretizar?... PORQUÊ?

Tantos porquês que ficarão sem resposta... ou talvez não... dizem-me que tudo na vida tem um propósito...

 

A fase da negociação deu-se claramente quando comecei a perceber que efetivamente seria um caso muito grave de paralesia cerebral e tive necessidade de ir a Fátima conversar com Maria, mãe de Jesus. Fez-me bem esta conversa, deu-me serenidade para o que iria acontecer na semana seguinte: a partida da Sofia.

 

A verdadeira depressão apenas ocorreu após o falecimento. Foi com a sua partida que entendi que nada iria voltar a ser como dantes, nem iria concretizar o nosso sonho de família...

 

Apesar de achar que nunca irei aceitar este acontecimento da minha vida, penso que após 1 mês da sua partida estou a começar a aceitar a minha nova realidade. A aceitar que sempre fui feliz com uma família a três e irei fazer com que esta nova família a quatro (com a minha eterna bébé a morar nos nossos corações) continue a ser feliz... 

 

 

 

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